sábado, 10 de outubro de 2015

A roupa dela não é um convite

Eu sou colunista de Estilo, mas de vez em quando dou uns pitacos por aqui, porque beeeem antes de ser Consultora de Estilo eu sou Psicóloga, e beeeeem antes de me formar, eu sou Mulher. E é bem bacana que eu possa, aqui no Superela, te ajudar a decidir a melhor roupa pra usar no dia a dia, e te ajudar a se sentir segura com a roupa que usa. A gente fala de autoestima e te ajuda a se sentir segura com o seu corpo e com as escolhas que faz. Eu vivo dizendo nos meus textos que tá tudo bem você estar acima do peso e usar roupas listradas. Que não tem problema nenhum você ser baixinha e não querer usar salto alto. Mas e quando o sentimento de segurança não tem a ver com a forma como vê o seu corpo e, sim, como os outros vão olhar pra ele?
Estamos na Primavera, mas, desde o Inverno, os dias estavam bem quentes por aqui pelo Rio de Janeiro. E não importa de onde você está lendo, a verdade é que quando a gente sente calor, a gente quer vestir a menor quantidade de roupas possível. Entretanto, como se sentir segura saindo de casa de vestidinho curto sem que os homens confundam o seu calor com um convite?
saia curta é convite think olgaEssa imagem do Think Olga, que é um projeto feminista super bacana, mostra todos os comprimentos das nossas roupas, com a legenda “asking for it” (“ela estava pedindo”) para mostrar que, na verdade, o tamanho da roupa pouco importa se o agressor tem a intenção de assediar.
Para a maioria dos brasileiros, a mulher deve “dar-se ao respeito”. Ela deve obediência ao marido e só se sente realizada ao ter filhos e constituir família. A maioria ainda acredita que, “se a mulher soubesse se comportar melhor, haveria menos estupros”. Mais que isso: para a maioria dos brasileiros, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas”.
São essas as conclusões de um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em 27/03. O ano? 2015. Sim!!! 2015 e esse é o pensamento da maioria dos brasileiros. E estamos falando de homens e mulheres, porque o machismo também atinge a elas. Mas, eu não vou falar sobre machismo e feminismo aqui. A intenção é fazer você, mulher, que nos lê, pensar na forma como julga as mulheres que são estupradas ou que “simplesmente” recebem uma cantada na rua. Ainda que não seja “por mal”, a maioria de nós também “justifica” a atitude dos homens pela roupa que as mulheres estão usando quando eles passam dos limites. Quando vi esse vídeo aqui embaixo, resolvi trazer o assunto mais uma vez para o site, porque, pra acabar com esse comportamento, a gente ainda precisa atingir muita gente, né?


Infelizmente, o vídeo não está traduzido, mas essas mulheres ouvem tudo que todas nós já ouvimos alguma vez na vida, ou todos os dias das nossas vidas, independente da roupa que a gente estava usando. E, claro, os namorados delas assistem ao vídeo inconformados com o abuso dos outros homens. Os homens que têm esse comportamento e nunca pensam que isso poderia acontecer com a namorada deles, com a mãe deles, com a irmã deles ou com a filha deles, né?
Para acabar com a ideia de que comportamento feminino pode ser justificativa para assédios e estupros, uma jovem usou a pergunta “mas o que ela estava vestindo” para criar uma mobilização colaborativa contra o machismo.
O Tumblr “But What Was She Wearing” reúne fotos de mulheres com as roupas que usavam quando foram assediadas nas ruas. A ideia é mostrar que o problema não é o que elas estavam vestindo e sim o desrespeito dos homens. Essas são algumas fotos:
But What Was She Wearing (mas o que ela estava vestindo)But What Was She Wearing (mas o que ela estava vestindo)
But What Was She Wearing (mas o que ela estava vestindo)
A gente já conquistou o direito de usar calça jeans (que era uma peça exclusiva do armário masculino) há muito tempo. Agora a gente precisa conquistar o direito de usar saia, vestido, shortinho… A gente precisa que os homens entendam que, independente do tamanho da nossa roupa, ela não é um convite!
Texto meu, originalmente publicado aqui, no Superela! ♥

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