sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Os destaques do baile da Vogue 2016

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Aconteceu ontem a já tradicional festa de abertura do Carnaval de São Paulo: o Baile da Vogue. Com tema Pop África, as celebridades, fashionistas e nomes do high society foram recebidos com decoração com esculturas gigantes de animais selvagens misturadas a escudos, máscaras, lanças e outros adereços típicos das tribos africanas. Para a trilha sonora, show do Carlinhos Brown.
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O traje para essa festa é gala ou fantasia, e os looks são sempre inspirados no tema da festa e na paleta de cores que é definido anteriormente. Para combinar com o tema África, os tons terrosos predominaram. Quem optou por vestidos de festa, caprichou nos acessórios de cabeça, nos penteados e na maquiagem.
Quem gosta de moda fica ansioso pra ver o que as mulheres escolheram nesses eventos de “red carpet”, que são sempre sinônimo de luxo, beleza e ousadia. Pra mim, as mais belas foram a Taís Araújo, que era a rainha do baile e honrou o título, Glória Maria, que ostentou pernas lindas sem meia-calça (e sem medo de críticas por conta da idade), a Sophia Abrahão e a Rafa Brites, que usaram estampas étnicas e acessórios lindíssimos!
baile vogue Tais Araujo
baile vogue Gloria Maria
baile vogue Rafa Brites
baile vogue sophia_abrahao
Mas, nesses eventos também é comum aparecer alguma polêmica, e nesse não foi diferente. Como a revista não costuma trazer mulheres negras na capa (e nem na maioria das matérias), e a maior parte das convidadas (como em outras festas desse tipo, como o Oscar) eram de mulheres brancas, a polêmica foi sobre o tema ser África e a festa ter pouca representatividade de negros. Além disso, teve apropriação da cultura negra e até mesmo blackface.
Karla Lopes, que também é colunista do Superela, postou num grupo do Facebook a sua indignação com o seguinte comentário: “Eu fico mal de verdade com isso. Se fosse um negro com cabelo de dread, seria sujo. O cabelo crespo de uma mulher negra sofre preconceito todos os dias. Mas aí, no grande baile da Vogue é fantasia, é temático! Será que é legal adotar como tema algo que é renegado pela sociedade? Que não é reconhecido como ‘bonito’ pela maioria das pessoas? Foi o que eu disse outro dia: Todo mundo gosta das coisas de preto, até saber como é ser preto e viver, de verdade, como um preto pobre e favelado”. 
A Karla queria escrever sobre o baile, mas infelizmente ela está com o braço imobilizado. E foi ela que me lembrou do caso da Zendaya no Grammy 2015, que foi chamada de “suja” pelo pessoal do Fashion Police por causa dos dreads.
oscar Zendaya Coleman
Esse texto não é sobre racismo, esse é um tema muito importante e deve ter tratado com mais profundidade, mas é impossível deixar passar batido o fato de as mulheres negras sofrerem tanto preconceito e virarem fantasia numa festa onde as possibilidades de fantasia eram inúmeras, visto que a moda africana é referência por sua alegria, mistura de cores, estampas étnicas e de animal print, texturas (como pelos e peles) e acessórios. Ninguém precisa “se fantasiar de negro” para estar dentro do tema África. Não tem só negros na África, né? E mesmo que fosse, blackface não é fantasia, é racismo. E no Baile da Vogue, tiveram brancos de dread, de turbante (que eu amo, e é um dos maiores simbolismos culturais africanos), encrespando o cabelo e se pintando com tinta negra, para “se fantasiar” de negra.
O Baile da Vogue já passou, mas se um dia você for convidada para um baile com o tema “África”, seguem algumas inspirações de looks pra você usar – como roupa de gala, e não como fantasia!
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 Texto meu, publicado originalmente no Superela, aqui.

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